Wycliffe, a exemplo de seu Mestre, pregou o evangelho aos pobres. Não contente com espalhar a luz nos lares humildes em sua própria paróquia de Lutterworth, concluiu que ela deveria ser levada a todas as partes da Inglaterra. Para realizar isto organizou um corpo de pregadores, homens simples e dedicados, que amavam a verdade e nada desejavam tanto como o propagá-la.
Estes homens iam por toda parte, ensinando nas praças, nas ruas das grandes cidades e nos atalhos do interior. Procuravam os idosos, os doentes e os pobres, e desvendavam-lhes as alegres novas da graça de Deus.
Como professor de teologia em Oxford, Wycliffe pregou a Palavra de Deus nos salões da universidade. Tão fielmente apresentava ele a verdade aos estudantes sob sua instrução, que recebeu o título de “Doutor do Evangelho”.
Mas a maior obra da vida de Wycliffe deveria ser a tradução das Escrituras para a língua inglesa. Num livro – Sobre a Verdade e Sentido das Escrituras – exprimiu a intenção de traduzir a Bíblia, de maneira que todos na Inglaterra pudessem ler, na língua materna, as maravilhosas obras de Deus.
Subitamente, porém, interromperam-se as suas atividades. Posto que não tivesse ainda sessenta anos de idade, o trabalho incessante, o estudo e os assaltos dos inimigos haviam posto à prova suas forças, tornando-o prematuramente velho. Foi atacado de perigosa enfermidade. A notícia disto proporcionou grande alegria aos frades.
Pensavam então que se arrependeria amargamente do mal que tinha feito à igreja e precipitaram-se ao seu quarto para ouvir-lhe a confissão. Representantes das quatro ordens religiosas, com quatro oficiais civis, reuniram-se em redor do suposto moribundo. “Tendes a morte em vossos lábios”, diziam; “comovei-vos com as vossas faltas, e retratai em nossa presença tudo que dissestes para ofensa nossa.”
O reformador ouviu em silêncio; mandou então seu assistente levantá-lo no leito e, olhando fixamente para eles enquanto permaneciam esperando a retratação, naquela voz firme e forte que tantas vezes os havia feito tremer, disse: “Não hei de morrer, mas viver, e novamente denunciar as más ações dos frades.” – D’Aubigné, liv. 17, cap. 7. Espantados e confundidos, saíram os monges apressadamente do quarto.