Homens de saber e piedade haviam trabalhado em vão para efetuar uma reforma nessas ordens monásticas; Wycliffe, porém, com intuição mais clara, feriu o mal pela raiz, declarando que a própria organização era falsa e que deveria ser abolida. Despertavam-se discussões e indagações.
Atravessando os monges o país, vendendo perdões do papa, muitos foram levados a duvidar da possibilidade de comprar perdão com dinheiro e suscitaram a questão se não deveriam antes buscar de Deus o perdão em vez de buscá-lo do pontífice de Roma.
Não poucos se alarmavam com a capacidade dos frades, cuja avidez parecia nunca se satisfazer. “Os monges e sacerdotes de Roma”, diziam eles, “estão-nos comendo como um câncer. Deus nos deve livrar, ou o povo perecerá.” – D’Aubigné, livro 17, cap. 7.
Para encobrir sua avareza, pretendiam os monges mendicantes seguir o exemplo do Salvador, declarando que Jesus e Seus discípulos haviam sido sustentados pela caridade do povo. Esta pretensão resultou em prejuízo de sua causa, pois levou muitos à Escritura Sagrada, a fim de saberem por si mesmos a verdade – resultado que de todos os outros era o menos desejado de Roma. A mente dos homens foi dirigida à Fonte da verdade, que era o objetivo de Roma ocultar.
Wycliffe começou a escrever e publicar folhetos contra os frades, porém não tanto procurando entrar em discussão com eles como despertando o espírito do povo aos ensinos da Bíblia e seu Autor.
Ele declarava que o poder do perdão ou excomunhão não o possuía o papa em maior grau do que os sacerdotes comuns, e que ninguém pode ser verdadeiramente excomungado a menos que primeiro haja trazido sobre si a condenação de Deus. De nenhuma outra maneira mais eficaz poderia ele ter empreendido a demolição da gigantesca estrutura de domínio espiritual e temporal que o papa erigira, e em que alma e corpo de milhões se achavam retidos em cativeiro.