Semelhante aos reformadores posteriores, Wycliffe não previu, ao iniciar a sua obra, até onde ela o levaria. Não se opôs deliberadamente a Roma. A dedicação à verdade, porém, não poderia senão levá-lo a conflito com a falsidade.
Quanto mais claramente discernia os erros do papado, mais fervorosamente apresentava os ensinos da Escritura Sagrada. Via que Roma abandonara a Palavra de Deus pela tradição humana; destemidamente acusava o sacerdócio de haver banido as Escrituras, e exigia que a Bíblia fosse devolvida ao povo e de novo estabelecida sua autoridade na igreja.
Wycliffe era ensinador hábil e ardoroso, eloqüente pregador, e sua vida diária era uma demonstração das verdades que pregava. O conhecimento das Escrituras, a força de seu raciocínio, a pureza de sua vida e sua coragem e integridade inflexíveis conquistaram-lhe geral estima e confiança.
Muitas pessoas se tinham tornado descontentes com sua fé anterior, ao verem a iniqüidade que prevalecia na Igreja de Roma, e saudaram com incontida alegria as verdades expostas por Wycliffe; mas os dirigentes papais encheram-se de raiva quando perceberam que este reformador conquistava maior influência que a deles mesmos.
Wycliffe era perspicaz descobridor de erros e atacou destemidamente muitos dos abusos sancionados pela autoridade de Roma.
Quando agia como capelão do rei, assumiu ousada atitude contra o pagamento do tributo que o papa pretendia do monarca inglês e mostrou que a pretensão papal de autoridade sobre os governantes seculares era contrária tanto à razão como à revelação.
As exigências do papa tinham excitado grande indignação e os ensinos de Wycliffe exerceram influência sobre o espírito dos dirigentes do país.
O rei e os nobres uniram-se em negar as pretensões do pontífice à autoridade temporal, e na recusa do pagamento do tributo. Destarte, um golpe eficaz foi desferido contra a supremacia papal na Inglaterra.