Logo depois de sua volta à Inglaterra, Wycliffe recebeu do rei nomeação para a reitoria de Lutterworth. Isto correspondia a uma prova de que o monarca ao menos não se desagradara de sua maneira franca no falar. A influência de Wycliffe foi sentida no moldar a ação da corte, bem como a crença da nação.
Os trovões papais logo se desencadearam contra ele. Três bulas foram expedidas para a Inglaterra: para a universidade, para o rei e para os prelados,¹ ordenando todas as medidas imediatas e decisivas para fazer silenciar o ensinador de heresias.²
Antes da chegada das bulas, porém, os bispos, em seu zelo, intimaram Wycliffe a comparecer perante eles para julgamento. Entretanto, dois dos mais poderosos príncipes do reino o acompanharam ao tribunal; e o povo, rodeando o edifício e invadindo-o, intimidou de tal maneira os juízes que o processo foi temporariamente suspenso, sendo-lhe permitido ir-se em paz. Um pouco mais tarde faleceu Eduardo III, a quem em sua idade avançada os prelados estavam procurando influenciar contra o reformador, e o anterior protetor de Wycliffe tornou-se regente do reino.
Mas a chegada das bulas papais trazia para toda a Inglaterra a ordem peremptória de prisão e encarceramento do herege. Estas medidas indicavam de maneira direta a fogueira. Parecia certo que Wycliffe logo deveria cair vítima da vingança de Roma.
Mas a chegada das bulas papais trazia para toda a Inglaterra a ordem peremptória de prisão e encarceramento do herege. Estas medidas indicavam de maneira direta a fogueira. Parecia certo que Wycliffe logo deveria cair vítima da vingança de Roma.
Mas Aquele que declarou outrora a alguém: “Não temas, … Eu sou teu escudo” (Gên. 15:1), de novo estendeu a mão para proteger Seu servo. A morte veio, não para o reformador, mas para o pontífice que lhe decretara destruição. Gregório XI morreu, e dispersaram-se os eclesiásticos que se haviam reunido para o processo de Wycliffe.
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¹ Para um sumário das bulas enviadas ao arcebispo de Canterbury, ao rei Edward, e ao chanceler da Universidade de Oxford, ver Merle d'Aubigne, The History of the Reformation in the Sixteenth Century (London: Blackie and Son, 1885), vol. 4, div. 7, p. 93; August Neander, General History of the Christian Church (Boston: Crocker and Brester, 1862), vol. 5, pp. 146, 147; George Sargeant, History of the Christian Church (Dallas: Frederick Publishing House, 1948), p. 323; Gotthard V. Lechler, John Wycliffe and His English Precursors (London: The Religious Tract Society, 1878), pp. 162-164; Philip Schaff, History of the Christian Church (New York: Charles Scribner's Sons, 1915), vol. 5, pt. 2, p. 317.
² Quanto ao texto original dos editos papais expedidos contra Wiclef, com uma tradução inglesa, ver J. Foxe, Act and Monuments, vol. II, págs. 4-12 (ed. de Pratt-Townsend. Londres, 1870). Ver também J Lewis Vida de Wiclef, págs. 49-51, 305-314 (ed. de 1820); Lechler, Johann v. Wiclif und die Vorgeschischte der Reformation, cap. 5, sec. 2, (Leipzig, 1873); A. Neander, Allgemeine Geschichte der Christlichen Religion und Kirche, vol. 6, sec. 2, parte 1, par. 8 (págs 276, 277, ed. de Hamburgo, 1852).